30 de jan. de 2011

Grito de um filho africano Por Adan Costa


Ó mãe África
De crucificação
Escarnecem do negro de minha pele
De meus dialetos, sotaques
Eu que carrego cravado na tez
Todas as tuas memórias
De restos, osso,
Farelo e água

Ó mãe África
De contrastes
De quilates de sangue
De fartura de fome
De iniqüidades

De esqueletos que teima
Em ter vida
Dessa persistência
Que nos torna fortes

Ó mãe África
De crueldade
De alforriados em jaulas
De crianças que empunham armas
De homens que vendem suas almas
Por pratos de comida
Do barro que lhe farta a barriga
Do lixo que os mantêm em vida

Ó mãe África
De clemência
Escute meu grito de suplicio
Afague meu coração menino
Derrame em chuva meu pranto
Meu sangue em seiva
Para nutrir-lhe a carne.

2 comentários:

  1. Apreciei muito o teu trabalho literário. Parabéns.

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  2. duras mas pertinentes palavras, excelente escrita. parabéns
    Roque Silveira

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